Fábio Santos é cineasta e um influente profissional na indústria do audiovisual. Nascido e criado em Matosinhos, desde cedo demonstrou paixão pela sétima arte. Rapidamente destacou-se como diretor promissor no cinema. Fundou um festival de cinema “OCEAN COAST FILM FESTIVAL” que de imediato tornou-se importante para a população, como para ele. Um espaço de valorização de novos talentos e de obras independente. O festival ganhou dimensão atraindo cineastas de diversas partes do mundo. A sua abordagem estratégica e criativa tem ajudado marcas a contar histórias de forma impactante. Com uma carreira marcada de inovação e contribuições significativas para o cinema e marketing, Fábio continua a inspirar e a promover a arte em todas as suas formas.
- O que te inspirou a começar na indústria do cinema?
Sempre gostei de filmes. Desde pequeno que adorava ir ao cinema e ver filmes na televisão. Quando estava no secundário comecei a perceber que são pessoas que estão por trás da criação de filmes e que chegar a elas não era tão complicado quanto parecia. Comecei a fazer efeitos visuais no After Effects e a colocar no Youtube, mais como teste e aprendizagem, sem nunca pensar que fossem esses mesmos pequenos vídeos a chamar à atenção do Tim Richardson, um cineasta de Michigan, nos Estados Unidos.
- Quais os maiores desafios durante a produção de um projeto?
Tudo! Há uma expressão que os americanos usam que é “It takes a village…”. E para se fazer um filme é mesmo preciso toda uma comunidade, pois são necessárias pessoas em diferentes departamentos, a trabalhar em conjunto para se conseguir executar uma só visão.

- Como a tecnologia influenciou os teus projetos enquanto cineasta?
Tecnologia é quase como um nome do meio para mim. Adoro tudo o que está relacionado com tecnologia e desenvolvimento informático e eletrónico. Nos meus tempos livres gosto de aprender sobre essa área e fazer uns projetos pessoais relacionados com isso (o último foi a instalação de painéis solares para minha casa com sistema de baterias que funcione mesmo em situações de apagão da rede). Por isso é claro que a tecnologia na área do cinema é algo que me cria bastante entusiasmo também. Tive a sorte de ter crescido numa época em que as ferramentas avançaram em tempo recorde, com novas tecnologias a sair anualmente. Isso ajudou bastante a democratizar o cinema. Deixou de ser necessário estar em Los Angeles para se fazer um filme ou uma curta metragem. Em 2009 usava uma câmara de fotografar daquelas compactas para fazer pequenos vídeos. Passado uns anos, com a introdução de captação de vídeo com boa qualidade por parte das câmaras DSLR ajudou bastante a dar um passo grande na qualidade dos meus projetos. Com o tempo, câmaras de cinema começaram a ter um preço de entrada mais acessível o que permitiu melhorar ainda mais os meus projetos. É claro que comprar nesses equipamentos continua a ser um grande investimento, mas é algo que agora é possível e há 20 anos não era. Sistemas de captação de áudio ou iluminação também tiveram uma melhoria significativa. Anteriormente eram precisas luzes pesadas, que gastavam bastante energia e aqueciam demasiado para se conseguir filmar. Agora, até pequenos leds com bateria integrada conseguem dar uma luz suficientemente fortes para captar cenas em espaços pequenos.
- Como surgiu a ideia de começar o teu próprio festival de cinema?
Em 2013 fui pela primeira vez aos Estados Unidos para trabalhar numa longa metragem que o realizador Tim Richardson estava a produzir nessa altura. Passei lá 6 semanas onde consegui aprender sobre diversas funções num set de cinema. Nessas 6 semanas também criei uma forte ligação com a comunidade cinematográfica dessa região. O Tim Richardson, para além de produzir os seus próprios filmes, também criou no início do século um festival de cinema na zona de South Bend, Indiana. Em 2015 ele convidou-me a viajar de novo até lá para ajudar na organização e cobertura fotográfica e vídeo do evento. A partir daí começou a ser habitual ir lá todos os anos para participar no festival. Num dos anos, passamos por uma fase de transição, onde o festival se mudou de South Bend para Goshen, também no Indiana. Uma zona mais pequena, mas com uma comunidade mais muito mais ligada ao cinema. A mudança teve um impacto enorme no crescimento do festival e isso inspirou-me a tentar replicar um pouco da experiência que tinha lá em Goshen na minha terra natal de Lavra. Organizar um evento similar numa comunidade também mais pequena, tentando combater de certa forma a centralização que há de importantes eventos em todo o país. A aposta tem-se demonstrado um sucesso (nem o ano de Covid nos parou, com adaptação para formato online pouco tempo antes do evento, o que testou a nossa capacidade de adaptação), com crescimento sustentável ano após ano, tendo já conseguido trazer alguns nomes nacionais e internacionais ao nosso festival, como Kiran Shah, Kellen Gibbs, José Paulo Santos, José Pedro Lopes, entre outros.

- Como vês a evolução dos festivais de cinema atualmente?
Como falei anteriormente, a tecnologia veio democratizar o processo de produção de filmes, mas essa evolução tecnológica veio ajudar também a democratizar a distribuição dos mesmos. Plataformas como a FilmFreeway ajudaram à criação de novos festivais de cinema em todo o mundo. Esses festivais nunca tinham conseguido existir se ainda tivéssemos de receber filmes ‘à moda antiga’, através de DVD’s que eram enviados fisicamente para a morada dos festivais, que tinham de organizar manualmente o processo de seleção. Tudo isso tornava o processo mais lento e dispendioso. Vivemos também numa época em que o streaming é uma aposta forte para os filmes encontrarem novos públicos, após terem passado pelo circuito de festivais.
- Que papel achas que os festivais de cinema desempenham na indústria cinematográfica?
Os festivais de cinema têm um papel importantíssimo, pois são eles que dão a conhecer projetos menos conhecidos, que não teriam uma plataforma se não fossem esses eventos. Fazer cinema é dispendioso, e o foco dos distribuidores é em projetos mais comerciais que consigam ‘vender’ facilmente. Projetos menos formulaicos têm maior dificuldade para serem exibidos. Os festivais ajudam a preencher essa lacuna da indústria, não só exibindo esses filmes mas também premiando os melhores.

- Como surgiu a possibilidade de criares uma empresa de produção de conteúdos/agência de marketing?
Desde sempre que fui fazendo alguns trabalhos na área. A FacS Studios é uma denominação que criei quando estava ainda no secundário e sempre utilizei essa marca para os meus projetos. Sempre tive em mente um dia oficializar a marca com a criação de uma empresa que conseguisse englobar não só os meus serviços de produção de vídeo, fotografia e websites, mas também a componente de produção cinematográfica.
- De que forma as redes sociais influenciam o teu dia-a-dia?
Tento estar o mais desligado possível, o que nem sempre é fácil. Há alturas em que as redes nos puxam para lá (e os algoritmos levam a isso), mas tento ao máximo evitar a utilização das redes, algo que considero importante para o bem-estar mental de uma pessoa. O ruído constante criado por essas plataformas é algo que tem de ser combatido para se conseguir viver uma vida plena. Não uso TikTok (irónico numa pessoa que cria vídeos, eu sei) porque sinto que é uma plataforma que cria toxicidade na sociedade (ainda mais que as outras que também o fazem).
- Como te manténs motivado e criativo no teu trabalho?
Nem sempre é fácil! Acima de tudo estando rodeado por outras pessoas que ajudam a elevar a qualidade do que crio e a manter o foco no sítio certo.
- Quais os teus planos para o futuro ou projetos que gostarias ainda realizar?
Quero voltar ao cinema e realizar os meus próprios projetos. Ultimamente não tenho tido o tempo necessário para abraçar um projeto desse género e gostava de voltar a fazê-lo. Felizmente, como produtor, tenho conseguido apoiar outros realizadores na execução das suas visões, algo que também gosto bastante de fazer, mas escrever e realizar é algo que quero voltar a fazer. Quero voltar a criar curtas-metragens e, eventualmente, longas. Atualmente estou a escrever um filme com o ator Kiran Shah, MBE, que participou em filmes como Senhor dos Anéis, Crónicas de Nárnia, Star Wars, entre outros. Tem sido uma experiência muito enriquecedora trabalhar em conjunto através de reuniões online. Temos quase metade do filme escrito, mas ainda há muito trabalho pela frente!


“O Fábio é um cineasta visionário”